Prezados amigos e amigas,

O presente Blog, tem a finalidade de ser mais um instrumento de valorização da família.
Por isso trará sempre artigos relacionados a esse tema, abordando os diversos aspectos que envolvem a formação de uma família sadia e segundo os preceitos cristãos, além de enfocar os diversos aspectos do relacionamento familiar.
Esperamos assim, que possa servir como um meio de reflexão, ajuda e fortalecimento àquelas famílias que encontram-se em situação difícil.

Que Deus nos ajude nessa empreitada.

Pedimos ainda que a Sagrada Família abençoe e proteja a todas as famílias do mundo inteiro. Amém !

José Vicente Ucha Campos
jvucampos@gmail.com

terça-feira, 28 de outubro de 2014

IDOSOS - COMO ACOLHER - UMA REFLEXÃO EM FAMÍLIA


Envelhecer para quê e para quem? 
Que vida é esta em que ora nos sentimos fortes, ora fracos? 
Ficar aqui ou ali? 
Em casa ou num lar para idosos? 
E a crise? E o dinheiro? E a família? E os afetos? 
O idoso que cada um de nós tem dentro de si tem mais interrogações do que certezas na idade da sabedoria.

O tempo não para. Mais um dia que passa que é igual ao somatório de todos os outros dias. Do alto das décadas vividas parece que já não se vislumbra esperança. Nem ânimo para persistir pela vida que resta com um brilho no olhar. O tempo fica espesso. Vislumbram-se horas opacas que não deixam ver uma nesga de futuro. Uma pequena brecha que ilumine os que já não acreditam num sentido para tudo isto. O peso dos anos carrega um fardo que se arrasta por um caminho que aparenta ser sem saída. Os ponteiros do relógio continuam a girar, as folhas do calendário a passar e... tudo parece ficar igual. Sem mais nem menos. É tudo assim-assim. Morno. Tanto faz que seja assim, tanta faz que seja assado.
Por detrás de uns olhos cansados, de uma expressão longínqua, de uns passos demorados e dolorosos, para onde se dirigem como se houvesse todo o tempo do mundo até lá chegarem?
Tiquetaque, tiquetaque... o tempo não vai parar. E muitos há que continuam a caminhar sem destino, à deriva nos pensamentos, enredados nas saudades do que viveram e do que não viveram. O sol volta todas as manhãs, mas não lhes traz a vida que viveram. Já nada lhes aquece nem arrefece. Esperam apenas que o sol se ponha todos os dias para ver a noite chegar. E adormecerem como que anestesiados.
Todos os dias são bons para se iniciar qualquer coisa. Para ver. Ouvir. Ler. Sem ignorar que há uma vida ainda para viver. Com gente dentro. Mesmo que seja apenas por uns dias ou parcos anos. A isto se chama viver com um brilhozinho nos olhos. E isso não sabe a pouco. Sabe a tanto. «Quando se conversa, quando se dá tempo, acreditamos que todos temos uma função na vida dos outros. Isto não é uma coisa dos idosos nem das crianças – é de todas as idades», comenta Rita Valadas, administradora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) com a área da Ação Social.
A responsabilidade de todos e de cada um
Todos somos responsáveis pelas vidas uns dos outros. E é aqui que está o cerne da questão. Quando os nossos idosos mais precisam de ajuda, qual a resposta mais adequada? 
«Honra o teu pai e a tua mãe», diz o quarto mandamento, que apela à nossa capacidade de amar quem nos gerou a vida. 
O amor implica exigência e cuidado em avaliar o que é melhor para aquela situação em concreto. Sem sentimentos de culpa. Porque o melhor não são respostas únicas mas somadas. 
O que fazer quando os idosos já não têm condições para estar sozinhos: ficar com a família ou ir para um lar de idosos? 
A resposta tem várias nuances, porque a vida não é em preto e branco: 
  • No mais perfeito dos mundos, a pessoa não devia ter de sair de sua casa; 
  • No mais perfeito dos mundos, as famílias estariam juntas, haveria disponibilidade de um dos membros para olhar os mais vulneráveis da sua família – crianças e os idosos – e isso seria possível do ponto de vista financeiro. 
  • Mas, na grande maioria das famílias, por questões de organização familiar e financeira, não há um elemento cuidador. 
  • Hoje as pessoas vivem mais tempo e, sendo muitas vezes um tempo de qualidade, é também muitas vezes um tempo de doenças. 
  • Mais do que precisarem das famílias, também precisam de cuidados médicos e enfermagem – cuidados que as pessoas não podem ter em casa. 
  • Por isso, não há uma resposta universal e isto depende do desejo da pessoa, da sua situação e da família», analisa Rita Valadas, que está também ligada à Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP) desde a sua fundação.

Quando a melhor opção é o idoso ficar em casa com a família, há aspetos para os quais a sociedade tem de estar mais atenta para prover uma vida de qualidade para os mais velhos e também para os mais novos: 
«Temos de dar condições às pessoas. 
Se a solução para todos é que o idoso fique com a família, temos de providenciar os serviços que faltam. O apoio domiciliário é a grande resposta – mas não o apoio domiciliário da tradição antiga. Há muitos serviços que se podem prestar a um idoso que vão desde as coisas mais básicas como a higiene à companhia e à socialização. Isso pode ser dado no apoio domiciliário e faz a diferença.» 
A administradora da SCML salienta ainda a necessidade de se ajudar os cuidadores dos idosos a descansar: «Têm de existir programas que servem as famílias e as crianças, para que não se castigue o idoso por isso não acontecer. O descanso do cuidador pode ser quase uma versão pseudo-hoteleira em que a pessoa se sinta como que a ir de férias mas no seu programa. No fundo, são programas para todos, é a possibilidade de os mais novos irem fazer o seu programa e os mais velhos terem direito ao seu. E esta resposta é muito mais barata para o país. Se nós garantirmos o apoio domiciliário, a manutenção do idoso em casa e o direito ao descanso do cuidador, o somatório disso tudo é muito mais barato e positivo para todos.»
Reconfigurar respostas sociais
As respostas existentes têm de se «reconfigurar», preconiza Rita Valadas, e o pensamento sobre as estruturas residenciais pode ir muito mais longe: «Tem de se preparar uma resposta que preveja algumas camas para as altas hospitalares, porque os familiares não sabem como cuidar dos idosos. Para essas situações de altas hospitalares ou de pequenas doenças ou ainda de descanso, devia haver sempre algumas camas que pudessem ser consideradas para utilização pontual.»
Uma visão de futuro que ajuda a sossegar o idoso que todos temos dentro de nós, mesmo que agora tenhamos 20, 30, 40 ou 50 anos. Se nos lembrarmos que, segundo os últimos censos, o número de idosos cresceu em dez anos cerca de 19%, conseguimos transportar-nos para um médio/longo prazo que importa ter em conta.
Quando se começou a sentir os efeitos desta crise, pelo país fora ouviu-se falar de famílias que estavam a retirar os idosos dos lares particulares. 
Se alguns, ingenuamente, viam com bons olhos o regresso dos mais velhos para junto dos seus, quem estava no terreno alertava para os riscos. 
Essas situações parecem agora estar ligeiramente a diminuir: «Isso acontecia pela situação econômica das pessoas e pelo desemprego. 
Houve muitas senhoras que ao ficarem, infelizmente, desempregadas, passaram a ter condições de tratar do familiar em casa com a ajuda da sua reforma para ajudar ao orçamento familiar», contou à FAMÍLIA CRISTÃ João Ferreira de Almeida, presidente da ALI – Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos. 
«Quando o idoso regressa ao seio da família por situações de desemprego dos filhos, ninguém sabe em que condições é que essa pessoa está. Ninguém sabe se os familiares que lhe estão a dar assistência estão preparados para isso», acrescentou o responsável da ALI.
Rita Valadas recorda que «as famílias que têm idosos em lares não estão preparadas para os ter em casa. Mesmo numa situação de desemprego não é nunca aconselhável que um emprego seja substituído por um idoso indo para casa. 
Se as pessoas não são naturalmente cuidadoras, não vão ser a melhor solução. Alerto para o fato que nesta situação de crise em que as pessoas que têm como prioridade retirar o idoso do lar para o uso da sua pensão, acontecem muitas situações de isolamento. Foram aumentando as situações de risco por solidão de idosos.»
Silvia Júlio
Leia mais na edição de setembro da revista FAMÍLIA CRISTÃ.
Fonte: Família Cristã
Comentário do Blog "Família dom de Deus":
Como acolher da melhor forma possível os nossos idosos, é realmente  uma questão bastante delicada, pois envolve disponibilidade, condições financeiras, preparação e por que não dizer vocação (quando o idoso permanecer no lar de seus familiares ou em sua casa sob cuidados dos familiares). 
Mas, envolve um outro aspecto muito mais importante do que todos, que é o sentimento do idoso. 
Em primeiro lugar devemos verificar o que pensa o idoso a ser acolhido, ou seja, onde o idoso gostaria de ser acolhido na sua velhice? Idoso esse que pode ser nosso pai, mãe, um tio, uma tia, avó, avô. Enfim, em sua grande maioria é alguém que dedicou sua vida a cuidar de nós, filhos(as), sobrinhos(as), netos(as). E, são pessoas que agora precisam de nossos cuidados e principalmente do nosso amor, pois estão numa fase da vida em que as doenças aparecem com maior força, onde o sentimento de perda é grande, onde o sentimento de que não servem para mais nada pode tomar conta da sua mente e onde as dificuldades de locomoção e de realizar tarefas simples se fazem presentes. 
É nesse momento que eles mais precisam de carinho, de estímulo, de compreensão e de paciência para com eles.
Será que num Lar para idosos, nossos entes queridos, terão tudo isso?
E o laço familiar?
Por isso, mesmo com dificuldades, temos que pensar bastante e com muito amor e carinho, na hora de decidir o que fazer para acolher nossos idosos amados.

domingo, 26 de outubro de 2014


sábado, 25 de outubro de 2014


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

CARDEAL SARAH: A CRISE DAS FAMÍLIAS VEM DA DISTORÇÃO DO MATRIMÔNIO


O presidente do "Cor Unum" comenta o Sínodo recém concluído e destaca que o tema 

do acesso aos sacramentos para os divorciados recasados é o último dos problemas 

da família


"A crise da família vem dos efeitos de uma concepção relativista da vida que tem afetado negativamente o conceito do matrimônio e do casal homem e mulher”. “A cultura atual fala de família, referindo-se a todas as suas formas, como se as diferentes situações pudessem se tornar modelos”. Estas são apenas algumas das passagens mais fortes da entrevista que o cardeal Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho 'Cor Unum', condeceu a ZENIT, durante a qual ele falou do Sínodo e contou como a África sofra negativamente pelas "ideologias nocivas importadas do mundo rico, do paganismo, e da poligamia".

ZENIT: Qual é o maior desafio para a família hoje?
Cardeal Sarah: É necessário esclarecer, porque o debate sobre a admissão dos católicos divorciados e recasados ​​à Eucaristia tem captado a atenção dos meios de comunicação, ofuscando os desafios reais que afetam as famílias de hoje. A crise da família vem do conceito relativista que mudou o conceito de matrimônio e de vida conjugal. O conceito cristão do matrimônio e da família afirma que é a união entre um homem e uma mulher que, juntos, se comprometem com o crescimento da família no mundo. É uma definição que nem todos concordam. A cultura atual fala de família sem especificar nenhum significado específico. A sociedade fala de família em todas as suas formas – biológicas, com pais adotivos, homossexuais – como se todas essas situações pudessem se tornar modelos, quando, na realidade, são simplesmente uma expressão trágica de problemas individuais. Em termos de realidade, devemos também considerar as causas sociais e econômicas que contribuem para o enfraquecimento da família. E então, como vimos no Sínodo, os problemas que afligem as famílias na África são diferentes dos de outros países.

ZENIT: Pode explicar-nos melhor quais situações está enfrentando o seu continente?
Cardeal Sarah: A cultura tradicional africana está centrada na família. O conceito de família é assim tão difundido e profundamente enraizado que pode ser considerado uma característica peculiar da tradição africana. Na cultura do meu continente, a vida e os valores da família são sustentados e promovidos com entusiasmo, e os papéis de homens e mulheres são fundamentais: um não pode existir sem o outro. Ambos são necessários para a tarefa de criar e educar os próprios filhos. No entanto, a família africana foi atacada por ideologias ocidentais que buscam confundir e poluir a relação entre homens e mulheres. A ideologia do "gênero" nega o plano de Deus para a família humana. O Criador, de fato, criou dois sujeitos a humanidade: o homem e a mulher, o macho e a fêmea. A ideologia de gênero expressa o desejo de grupos ideológicos que querem livrar-se daquilo que é uma questão de fato, uma determinação antropológica, teológica e ontológica que está inscrita na natureza. Este "modelo de gênero" incentiva a mulher a interpretar a sua relação com o homem de forma conflitante. Exalta-se a liberdade de escolha sobre a orientação sexual com a intenção de promover a cultura da homossexualidade também na África. Existem organizações ocidentais que procuram impor a ideologia homossexual na cultura Africana. A aceitação dessas ideologias prejudiciais é condição para receber ajudas humanitárias e financeiras para a África. Além desses desafios, as famílias africanas devem lutar contra a influência das culturas pagãs, como por exemplo a poligamia, e os efeitos nocivos da pobreza sobre a vida familiar.

ZENIT: Como é que esses temas foram discutidos no Sínodo?
Cardeal Sarah: Durante o Sínodo, houve recomendações para afirmar e promover o ponto de vista da Igreja Católica sobre o matrimônio e a família. Trata-se de uma visão que a Igreja herdou através de milênios de fé e de tradição. Precisamos ouvir novamente o que Jesus disse: "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os criou homem e mulher e que disse: ‘Por isso o homem deixará o pai e a mãe, e se unirá com a sua mulher, e os dois serão uma só carne?’ Assim, eles já não são dois, mas uma só carne; Portanto o que Deus uniu, que o homem não separe”. Nós temos que, com força e firmeza, defender os ensinamentos presentes na Sagrada Escritura e manifestados pelo Magistério da Igreja. Embora seja necessário que a Igreja enfrente estes desafios com uma abordagem pastoral.

ZENIT: Você acha que no próximo Sínodo veremos avanços concretos e positivos a este respeito?
Cardeal Sarah: Sim, a principal tarefa do Sínodo Extraordinário foi a de elaborar uma análise sobre a situação da família de hoje e os desafios que a Igreja deve enfrentar ao longo do seu ministério pastoral. Em vista disso, tenho a satisfação de ver que o Sínodo da família em 2015 será dedicado ao tema da vocação e da missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Vamos ouvir os ensinamentos de Deus e os ensinamentos da Igreja.

ZENIT: Qual é a abordagem do Papa Francisco sobre estas questões?
Cardeal Sarah: O Santo Padre está bem ciente do sofrimento das famílias. Sente a dor e o transtorno que muitas famílias estão enfrentando. A sua intenção é que a Igreja dedique dois anos para rezar e refletir sobre a família na perspectiva da nova evangelização. O Papa vê a Igreja como uma mãe que verdadeira e seriamente se preocupa pela família. O Santo Padre tem acompanhado de perto o Sínodo. Acredito que neste período de nova evangelização para a Igreja, as circunstâncias difíceis de muitas famílias e as dificuldades que enfrentam estão muito perto de seu coração. É por isso que ele convocou o Sínodo. 

Fonte: Matéria reproduzida do site da Zenit

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ÁLCOOL E DROGAS ENTRE OS JOVENS - COMO ACOMPANHAR?



No programa “Entre nós”, o Dr. Daniel Gómez, chefe de toxicologia do Hospital de Urgências de Córdoba, falou do problema das drogas e do álcool entre os jovens. Como primeira medida, compartilhou que não se tem uma idade estabelecida na qual os jovens começam a ingerir álcool, já que no hospital tiveram experiências inclusive com crianças de 6 anos alcoolizadas. Mas a faixa etária de maior incidência está entre os 16 e os 18 anos.

O Dr. Gómez convidou a recordar que o álcool é a única droga que mata sem estar intoxicados. Com isso, nos dá exemplos do que o álcool produz em nosso organismo. Ao fazer que o corpo não funcione com total normalidade (por exemplo, na hora de dirigir), podemos chegar a sofrer acidentes; em maior medida, gera mortes entre os adolescentes.

O médico explicou que as drogas alteram nossa consciência e cérebro e por isso não são boas. Comparou a maconha com outras drogas e afirmou que a primeira não mata rapidamente, mas gera nos adolescentes danos cerebrais e muitos transtornos psicológicos.

Como acompanhar nossos filhos e jovens?

Em diálogo com a Rádio Maria, o especialista questionou: “Como nós, pais, percebemos esta realidade, como a detectamos?”. A partir daí, indicou que os filhos dão muitos sinais, e que o problema dos pais de hoje é que estão focados em tantos problemas externos que não dão atenção aos problemas de casa. É por isso que os jovens não compartilham seu tempo com os pais, não falam, não se comunicam, não têm espaços de carinho.

O Dr. Gómez sugeriu observar as mudanças de comportamento dos filhos, sua forma de vestir e até as mudanças nos grupos de amigos. “O importante é dedicar tempo para ver o que acontece com os jovens, falar com cada um dos seus filhos para saber o que sentem e, assim, poder evitar que cheguem a estas doenças”, disse.

O especialista concluiu dizendo aos jovens: “As drogas tiram a sua liberdade; elas o levam a estar preso sendo livre”.

(Artigo publicado originalmente pela Radio María)

Fonte: Aleteia

terça-feira, 21 de outubro de 2014

HOJE É CELEBRADO O DIA NACIONAL DA VALORIZAÇÃO DA FAMÍLIA


“A família é um grande bem para a sociedade. Quem acredita, efetivamente, na família deve se manifestar, para que a beleza da família possa emergir e brilhar na vida do povo brasileiro”, explica o bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom João Carlos Petrini, ao recordar o Dia Nacional de Valorização da Família, celebrado hoje, 21.
Em 2013, os brasileiros celebraram pela primeira a data, instituída no dia 17 de maio de 2012, a partir da lei n. 12.647, tendo o apoio de diversas entidades. De acordo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o objetivo é chamar a atenção dos governos e da sociedade para a importância da família como instituição fundamental do desenvolvimento humano.
Para dom Petrini, a data deve suscitar nas famílias o compromisso com a evangelização. "Desejo a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam e amam a família que, neste Dia Nacional da Valorização da Família, tenham mais tempo e dedicação à própria família e continuem na evangelização por um mundo justo e fraterno", disse.
Mobilização
O Dia Nacional de Valorização da Família busca promover a família como espaço privilegiado e insubstituível para que um homem e uma mulher possam, por meio do matrimônio, gerar e educar seus filhos no exercício da família cidadã. (cf. Carta às Família,10) .
O assessor da  Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB, padre Rafael Fornasier, lembra que este ano a Semana Nacional da Família abordou a temática "A espiritualidade cristã na família: um casamento que dá certo", com o objetivo de também ressaltar a beleza da família cristã, como imagem e semelhança de Deus, em comunhão com a 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, realizada de 5 a 19 de outubro, no Vaticano. Essas atividades reforçam a necessidade de valorizar a vida em família no contexto atual.
De acordo com o assessor, para esta data nacional, orienta-se as dioceses, paróquias e comunidades para que organizem atividades para a valorização da família, além de divulgar a data nos meios de comunicação disponíveis.
Fonte: CNBB

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

"A VOCAÇÃO E A MISSÃO DA FAMÍLIA NA IGREJA" SERÁ TEMA DO SÍNODO DE 2015


“Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança”, expressou o papa Francisco na missa de encerramento da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos.
A cerimônia foi concelebrada pelos padres sinodais na Praça de São Pedro, no domingo, 19, com a presença do papa emérito, Bento XVI. 
"Na realidade, pastores e leigos de todo o mundo trouxeram aqui a Roma a voz das suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus”, disse Francisco durante a homilia.
Os estudos realizados na Assembleia Sinodal serão retomados e aprofundados na 14ª Assembleia do Sínodo dos Bispos, que acontecerá de 4 a 25 de outubro de 2015, com o tema "A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo".
“Pelo dom deste Sínodo e pelo espírito construtivo concedido a todos, – com o apóstolo Paulo – ‘continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações. E o Espírito Santo, que nos concedeu, nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo outubro de 2015. Semeamos e continuaremos a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer tudo o que semeamos”, disse Francisco.
Beato Paulo VI
Ao falar da trajetória de Paulo VI, o papa Francisco recordou as palavras do beato que dizia ser necessário a Igreja “perscrutar atentamente os sinais dos tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e às novas características da sociedade” (Carta ap. Motu próprio Apostólica solicitado).
Francisco destacou, ainda, o espírito corajoso do beato Paulo VI, seu apostolado incansável. “Obrigado, nosso querido e amado papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja! No seu diário pessoal, depois do encerramento da Assembleia Conciliar, o grande timoneiro do Concílio deixou anotado: ‘Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades atuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva’”, acrescentou. 
Com informações do News.va e foto Rádio Vaticano. 
Fonte:CNBB

RESUMO DO SÍNODO DA FAMÍLIA EM 12 PONTOS

O que se disse, o que não se disse e para que serviu o debate? Confira um resumo completo sobre este importante 

Encontro da Igreja



sínodo extraordinário dos bispos sobre a família terminou com a beatificação do Papa Paulo VI. A opinião pública ficou um pouco desconcertada, porque foram escritas crônicas nas quais a Igrejaparecia estar dividida em temas como os homossexuais, os divorciados, a crise das famílias e um longo etcétera. É conveniente pontuar e informar sobre quais foram os pontos centrais destesínodo extraordinário, que na verdade foi preparatório para osínodo ordinário sobre o mesmo tema e que acontecerá em outubro de 2015.
 
Por isso, consideramos oportuno levar em consideração os seguintes 12 pontos para resumir o que o sínodo significou:
 
Ponto 1. O Papa pediu aos presentes no sínodo (cardeais, bispos, sacerdotes, leigos) que falassem com máxima liberdade, o que, segundo os presentes, aconteceu. “Não tenham medo de falar”, disse o Papa Francisco. Levar em consideração que a família, seja qual for sua situação ou sua crise, precisa ser acolhida, escutada e acompanhada, porque a Igreja sempre tem as portas abertas a todas as pessoas, por mais irregulares ou difíceis que sejam suas vidas, por mais próximas ou distantes que estejam de Deus.
 
Ponto 2. Foram registradas intervenções diferentes porque a realidade da família varia nas diversas parte do mundo, e os bispos também são diferentes: a situação da família ocidental não é a mesma que a da família africana ou asiática. Enquanto na Ásia há muitos casamentos mistos e com pessoas não crentes, na África se rejeita a homossexualidade e há famílias poligâmicas. Por isso, os bispos têm registros diferentes ao falar das famílias.
 
Ponto 3.Papa Francisco esteve em silêncio. Ele queria escutar, e prefere não se pronunciar enquanto os temas abordados não amadurecerem e forem melhor apresentados no próximo sínodoordinário de 2015. O Pontífice não publicará nenhum documento a partir das conclusões dos circuli minores ou grupos linguísticos. Os textos aprovados são “documentos de trabalho” que continuarão sendo estudados no próximo sínodo. Tenta-se conjugar a misericórdia de Deus com o acompanhamento da Igreja a todas asfamílias (seja qual for sua situação) com a doutrina imutável procedente da Revelação sobre a família e o casamento.
 
Ponto 4. Um sínodo é um órgão consultivo do Papa do qual participam representantes de todas as conferências episcopais. Serve para que se reúnam com o Santo Padre e debatam temas atuais, como, neste caso, a família. É o que se chama de viver a “sinodalidade” ou “colegialidade”, usando uma expressão do Concílio. Ou seja, “caminhar juntos” e viver a corresponsabilidade na vida da Igreja sob Pedro ou com Pedro.
 
Ponto 5. Em todos os sínodos, como aconteceu no Concílio, existem filtros na mídia, especialmente no que diz respeito a fatos que possam causar impacto entre o público, como o tema dos homossexuais e dos divorciados. As agências internacionais espalham estas interpretações da mídia como se fossem opiniões do sínodo. É o jogo atual do mundo da comunicação: se você não contar coisas estranhas, a notícia não fará sucesso. Nos sínodos, de cara a mídia já divide os padres sinodais entre progressistas e conservadores. É sempre a mesma coisa. Os conservadores seriam, logicamente, os da cúria, e os progressistas, os padres sinodais que obtêm protagonismo por romper de alguma maneira com a doutrina tradicional. Neste sínodo, o clima foi bom, mesmo com as lógicas e normais discrepâncias. Uma coisa é diferir, defendendo com força as próprias ideias, e outra é “brigar”, como disse a mídia. Os padres sinodais pediram que se ampliassem os tribunais eclesiásticos sobre nulidades matrimoniais e que sejam mais expeditivos.

Ponto 6. Uma coisa é a compreensão e acompanhamento dasfamílias vivendo com elas a dor de uma crise ou de situações irregulares, e outra é aceitar tais situações irregulares como se tivessem a aprovação da Igreja. O sínodo não veio mudar a doutrina, mas a pastoral.
 
Ponto 7. A mensagem do sínodo manifesta como Cristo passa pelas ruas e lares mostrando a beleza da família, refletida no testemunho cotidiano oferecido por muitas famílias à Igreja e ao mundo com sua fidelidade, sua fé, sua esperança e seu amor, apesar das dificuldades. Há um desafio quanto à fidelidade conjugal, porque a vida familiar costuma estar marcada pelo enfraquecimento da fé e dos valores, pelo individualismo, pelo empobrecimento das relações, pelo estresse de uma ansiedade que descuida da reflexão serena. Assiste-se, assim, a muitas crises conjugais, que são enfrentadas de maneira superficial e sem a coragem da paciência, do diálogo sincero, do perdão recíproco, da reconciliação e também do sacrifício.
 
Ponto 8. A mensagem do sínodo recorda as dificuldades econômicas causadas por sistemas perversos, originados no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano (EG 55), que humilha a dignidade das pessoas. Lembra também o pai e a mãe sem emprego, impotentes frente às necessidades ainda primárias da sua família, ou nos jovens que passam dias sozinhos, sem esperança, e assim podem ser vítimas das drogas ou da criminalidade. O documento menciona também as famílias pobres, prófugas, perseguidas pela fé, as que sofrem as guerras, as mulheres que sofrem violência, as crianças e jovens que sofrem abusos. E pede aos governos e organizações internacionais que promovam os direitos das famíliaspara o bem comum, porque Jesus quis que sua Igreja fosse uma casa com a porta sempre aberta, recebendo todos sem excluir ninguém.
 
Ponto 9. Jesus Cristo não foi buscar os bons, mas os publicanos e pecadores. É preciso sair às periferias, sem descuidar das famíliasque servem de modelo e testemunho para outras famílias. “O vértice que reúne e sintetiza todos os elos da comunhão com Deus e com o próximo é a Eucaristia dominical quando, com toda a Igreja, a família se senta à mesa com o Senhor. Ele se doa a todos nós, peregrinos na história em direção à meta do encontro último quando ‘Cristo será tudo em todos’ (Col 3,11). Por isto, na primeira etapa do nosso caminho sinodal, refletimos sobre o acompanhamento pastoral e sobre o acesso aos sacramentos pelos divorciados recasados.”
 
Ponto 10.sínodo não questiona a doutrina, mas reflete sobre a pastoral, ou seja, o discernimento espiritual para a aplicação de tal doutrina. A misericórdia não elimina os mandamentos, senão que são sua chave hermenêutica (arte de interpretar textos sagrados). A sexualidade precisa ser abordada de forma muito positiva, pois se fala tanto do negativo da sexualidade fora do casamento, que parece que a sexualidade matrimonial é “uma concessão a uma imperfeição”.
 
Ponto 11. O amor tende, por sua própria natureza, a ser para sempre, até dar a vida pela pessoa amada (cf. Jo 15, 13). O amor conjugal persiste apesar das múltiplas dificuldades do limite humano, e é um dos milagres mais belos, ainda que também o mais comum. O amor não é só procriação, mas também educação na fé dos filhos. Esta missão é frequentemente compartilhada e exercida pelos avós com grande carinho e dedicação. Assim, a família se apresenta como uma autêntica igreja doméstica. O amor é uma entrega de bens, de companhia, de amor e de misericórdia, e também um testemunho de verdade, de luz, de sentido da vida.

Ponto 12. A mensagem afirma que o matrimônio é uma vocação autêntica e, como tal, requer fidelidade e coerência. O caminho de preparação para o casamento precisa ser longo, personalizado e severo, sem medo da diminuição no número de cerimônias celebradas na Igreja. A família deve ser a escola de alteridade, na qual se aceita o outro como ele é, com amor. A família enfrenta a ditadura do pensamento único sobre os conceitos de família, vistos de maneira secularizada e segundo as modas das épocas. A crise de valores, o secularismo ateu, o hedonismo e a ambição de poder corroem a família e mudam os valores de união entre o homem e a mulher.
 
Esta reunião dos bispos com o sucessor de Pedro e em comunhão com ele, ainda que em uma confrontação serena sobre os problemas das famílias, é o sintoma de uma Igreja viva, vigorosa, na qual todos falam a partir da sua perspectiva, querendo dar o melhor ao povo cristão, se assim for aceito e promulgado pelo Papa.

Fonte: Aleteia

SANTA SÉ PUBLICA RELATÓRIO CONCLUSIVO DO SÍNODO SOBRE A FAMÍLIA, COM AVAL DO PAPA FRANCISCO


Com a autorização do Papa Francisco, foi publicada na noite de sábado a Relatio Synodi, o relatório conclusivo do Sínodo. O documento foi aprovado na Sala Sinodal após a votação, um por um dos 62 parágrafos. 

Dois pontos em particular – a comunhão para os divorciados recasados e a homossexualidade – não atingiram a maioria dos 2/3. 

Foi desejo do Papa. O Papa disse: ‘Quero que seja publicada esta Relatio, e por questões de transparência e clareza, que se diga quantos foram os votos favoráveis ou não favoráveis, número por número, de forma que não existam confusões ou equívocos sobre isto”. 

Assim Padre Lombardi ilustrou aos jornalistas reunidos na Sala de Imprensa da Santa Sé a decisão do Santo Padre em publicar a Relatio Synodi, acompanhada pela tabela das votações. O documento retoma, em substância, a estrutura e os conteúdos principais do ‘Relatório após a discussão’, apresentado em 13 de outubro na Sala do Sínodo pelo Relator Geral da Sessão, Cardeal Peter Ërdo. Ela recolhe também muitas das 470 emendas apresentadas pelos Padres Sinodais, reunidos nos Círculos menores: “Em particular, vocês observarão a ampliação das primeiras duas partes, o que foi pedido por muitos relatórios dos Círculos menores, para dar maior equilíbrio ao conjunto, não falar prevalentemente ou somente dos desafios ou das dificuldades, mas também falar mais do aspecto positivo sobre a família. Portanto, é um texto mais amplo e que pretende ser mais equilibrado e desenvolvido”. 

Os parágrafos que não atingiram a maioria dos dois terços são os número 52, 53 e 55, relativos às diversas posições sobre a Comunhão para divorciados recasados, sobre a proposta da comunhão espiritual – sobre a qual deverão ser feitos ulteriores aprofundamentos – e sobre as uniões homossexuais, que são rejeitadas, não obstante se diga que os homens e mulheres com tais tendências devem ser acolhidos com “respeito e delicadeza”. 

Todavia – explica Padre Lombardi – o esforço da Relatio Synodi é o de ser inclusivo e portanto se pode falar de um consenso também sobre estes números: “Temos em cada um destes números uma dimensão do consenso, evidentemente, uma dimensão que pode ser muito ampla ou uma dimensão que pode ser mais limitada, mas isto significa que existe um assunto que deve ainda ser amadurecido ou aprofundado porque, evidentemente, o consenso da Assembleia não era suficientemente maduro para a formulação com que foi apresentado”. 

Em relação ao Relatório precedente, a Relatio Synodi não faz mais referência à lei da gradualidade, não fala de crianças que vivem com casais do mesmo sexo e reitera com mais força que as uniões homossexuais não são equiparáveis ao matrimônio entre homem e mulher, sublinhando que não são aceitáveis pressões sobre os bispos relativo a este ponto. 

Ulteriores temas serão acrescentados em relação ao documento precedente. Por exemplo, o desejo de que os processos de nulidade matrimonial sejam gratuitos, a atenção para as adoções, o alarme para a pornografia, pelo uso distorcido da web e para as mulheres e crianças vítimas de abuso sexual. Por fim é agradecido às tantas famílias fieis a Cristo pelo testemunho. 

Assim o Sínodo Extraordinário sobre a família se conclui, mas o caminho sinodal prossegue para a Assembléia Ordinária de outubro de 2015, dedicada à Família e para a qual a Relatio Synodi atual servirá como documento preparatório. 

Fonte: Blog da Comunidade Shalom/Carmadélio

sábado, 18 de outubro de 2014

A MISERICÓRDIA DEFENDIDA PELO PAPA FRANCISCO: SOLUÇÃO PARA IMPASSES DO SÍNODO?

                                                                                                                                                         © Antoine Mekary / Aleteia


Existe uma impressionante relação entre as mamães, os bebês e os odores corporais. Um interessante estudo publicado no ano passado pela "Frontiers of Psychology" confirmou pesquisas anteriores e mostrou que os odores constituem estímulos comportamentais positivos particularmente fortes para as mães humanas; reciprocamente, "os bebês também são altamente reativos aos odores maternos". O estudo concluiu que os odores corporais funcionam como um “catalisador” para a ligação entre a mãe e o bebê.

Neste contexto, é fascinante observar que o mesmo papa que tanto sublinha a importância da maternidade da Igreja também convida a Igreja a, precisamente, "ter o cheiro das ovelhas" (Evangelii Gaudium, 24). Francisco diz que uma igreja evangelizadora "se ajoelha para lavar os pés", "se envolve", "estende pontes para diminuir as distâncias", "se abaixa quando é necessário", "abraça a vida humana e toca na carne do sofrimento dos outros".

Como é que a Igreja pode desenvolver cada vez mais essas características? Francisco acredita que o caminho é a misericórdia. No coração da Evangelii Gaudium, ele cita o Doutor Angélico: "Tomás explica que, no tocante às obras externas, a misericórdia é a maior de todas as virtudes: ‘em si, a misericórdia é a maior das virtudes, uma vez que todas as outras giram em torno dela e, mais do que isso, ela supre as suas deficiências’" (Evangelii Gaudium, 37). Ao passar às consequências pastorais deste caminho da misericórdia, o papa diz que, “quando falamos mais da lei do que da graça”, temos como resultado um desequilíbrio, no qual a nossa mensagem deixa de ter “a fragrância do Evangelho” (EG, 38-39).

Numa época de confusão quase universal sobre Deus e sobre o ser humano, como é que vamos transmitir uma mensagem de graça e de misericórdia sem negligenciar o magistério da Igreja? Afinal, existem pelo menos duas “dificuldades”.

A primeira dificuldade é que o magistério muitas vezes “ofende” por si só, especialmente em assuntos de casamento e família. A mera enunciação daquilo em que acreditamos já é sentida como um ataque contra as pessoas que vivem de forma diferente. Abre-se uma distância acentuada entre nós, quando deveríamos promover um vínculo materno muito próximo. Como é que podemos ter o cheiro das ovelhas se as ovelhas cheiram a algo que vai contra a natureza humana?

E a segunda dificuldade é o fato de que falar mais sobre a graça e o perdão do que sobre a lei parece implicar um risco moral em todos os contextos comuns: por que não haveria esse risco também nas questões espirituais? Não há uma resposta fácil para isto. A única coisa que podemos dizer, fazendo uma avaliação sóbria, é que existe uma notável postura, entre as pessoas, de dar a graça por certa: as pessoas procuram se nutrir dela sem pensar no preço do Cristo crucificado.

São questões difíceis. Neste sentido, o papa está nos levando a resolver uma “dificuldade” relativa à missão evangelizadora da Igreja. "Dificuldade" é diferente de "dúvida". Duvidar é questionar se uma coisa pode ser feita. Já a dificuldade consiste em questionar como essa coisa será feita. A dificuldade parte da fé e se pergunta pelos meios, enquanto a dúvida pressupõe os meios e questiona a fé.

Eu suspeito que é isso o que o papa Francisco espera do sínodo: um trabalho árduo em cima de um caminho de misericórdia, aplicado à crise humanitária mais urgente dos nossos dias: o fracasso epidêmico em viver o casamento e a família de maneira coerente com o autêntico florescimento humano.

Vamos considerar as seguintes linhas introdutórias ao documento de trabalho do sínodo:

O que estas linhas confirmam é que o sínodo quer trabalhar em cima da tensão pastoral entre a lei e a graça via misericórdia. A esta luz, podemos fazer a seguinte analogia: assim como o Vaticano II propôs uma postura do ecumenismo depois de séculos de guerras religiosas, talvez esta explícita "ênfase na misericórdia" esteja se posicionando como resposta às reais e dolorosas guerras culturais das últimas décadas e ao "desmoronamento" dos padrões de vida familiar mais do que a qualquer outro fator político ou ideológico.

Pode ser que o Santo Padre seja, no fundo, um revolucionário em busca de um novo tipo de ecumenismo para sanar a divisão entreesquerda e direita. Nós crescemos tão acostumados a essa visão que tudo o que conseguimos hoje é apertar os olhos por trás das nossas cansadas lentes ​​da divisão – e é através dessas mesmas lentes cansadas que enxergamos o próprio sínodo. Mas este não é um caminho sábio. A Igreja não pode ser compreendida por meio de categorias do caos humano. Ela é, isto sim, a única salvação do caos: a única instituição que pode, com credibilidade, prometer um caminho para a unidade.

“Esta ênfase na misericórdia tem tido um grande impacto inclusive nas questões relativas ao casamento e à família, na medida em que, longe de qualquer tipo de moralismo, ela confirma a perspectiva cristã sobre a vida e abre novas possibilidades para o futuro, independentemente de limitações pessoas ou de pecados cometidos. A misericórdia de Deus é uma abertura para uma contínua conversão e um contínuo renascimento” (Prefácio, Instrumentum Laboris).

Fonte: Aleteia

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A RECEITA DO PAPA FRANCISCO PARA FAZER O AMOR DURAR


O segredo está em entender de que amor estamos falando e em usar três palavras mágicas na vida cotidiana do casal

Hoje em dia existe muito medo de tomar decisões definitivas, como a de casar-se, pois as pessoas consideram impossível manter o amor vivo ao longo dos anos. O Papa Francisco fala deste tema e nos convida a não nos deixarmos vencer pela “cultura do provisório”, pois o amor que fundamenta uma família é um amor para sempre.

O que entendemos por “amor”?

Com a sabedoria e a simplicidade que o caracterizam, o Papa Francisco começa com um importante esclarecimento sobre o verdadeiro significado do amor, já que, diante do medo do “para sempre”, muitos dizem: “Ficaremos juntos enquanto o amor durar”.

Então, ele pergunta: “O que entendemos por ‘amor‘? Só um sentimento, uma condição psicofísica? Certamente, se é assim, não se pode construir nada sólido. Mas se o amor é uma relação, então é uma realidade que cresce, e também podemos dizer, por exemplo, que se constrói como uma casa. E a casa é construída em companhia do outro, não sozinhos! Não queiram construí-la sobre a areia dos sentimentos, que vão e vêm, mas sim sobre a rocha do amor verdadeiro, o amor que vem de Deus.”

“O matrimônio é um trabalho de ourivesaria que se constrói todos os dias ao longo da vida. O marido ajuda a esposa a amadurecer como mulher, e a esposa ajuda o marido a amadurecer como homem. Os dois crescem em humanidade e esta é a principal herança que deixam aos filhos”, acrescenta.

Três palavras mágicas para fazer o casamento durar

Papa esclarece que o “para sempre” não é só questão de duração. “Umcasamento não se realiza somente se ele dura, sua qualidade também é importante. Estar juntos e saber amar-se para sempre é o desafio dos esposos.”

E fala sobre a convivência matrimonial: “Viver juntos é uma arte, um caminho paciente, bonito e fascinante (…) que tem regras que se podem resumir exatamente naquelas três palavras: ‘posso?’, ‘obrigado’ e ‘desculpe'”.

“‘Posso?’ é o pedido amável de entrar na vida de alguém com respeito e atenção. O verdadeiro amor não se impõe com dureza e agressividade. São Franciscodizia: ‘A cortesia é a irmã da caridade, que apaga o ódio e mantém o amor‘. E hoje, nas nossas famílias, no nosso mundo amiúde violento e arrogante, faz falta muita cortesia.”

Obrigado': a gratidão é um sentimento importante. Sabemos agradecer? (…) É importante manter viva a consciência de que a outra pessoa é um dom de Deus, e aos dons de Deus diz-se ‘obrigado’. Não é uma palavra amável para usar com os estranhos, para ser educados. É preciso saber dizer ‘obrigado’ para caminhar juntos.”

“‘Desculpe': na vida cometemos muitos erros, enganamo-nos tantas vezes. Todos. Daí a necessidade de utilizar esta palavra tão simples: ‘desculpe’. Em geral, cada um de nós está disposto a acusar o outro para se desculpar. É um instinto que está na origem de tantos desastres. Aprendamos a reconhecer os nossos erros e a pedir desculpa. Também assim cresce uma família cristã.”

Finalmente, o Papa acrescenta, com bom humor: “Todos sabemos que não existe uma família perfeita, nem o marido ou a mulher perfeitos. Isso sem falar da sogra perfeita…”.

E conclui: “Existimos nós, os pecadores. Jesus, que nos conhece bem, ensina-nos um segredo: que um dia não termine nunca sem pedir perdão, sem que a paz volte à casa. Se aprendemos a pedir perdão e a perdoar aos outros, o matrimônio durará, seguirá em frente.”

Fonte: Blíblia Católica News