Prezados amigos e amigas,

O presente Blog, tem a finalidade de ser mais um instrumento de valorização da família.
Por isso trará sempre artigos relacionados a esse tema, abordando os diversos aspectos que envolvem a formação de uma família sadia e segundo os preceitos cristãos, além de enfocar os diversos aspectos do relacionamento familiar.
Esperamos assim, que possa servir como um meio de reflexão, ajuda e fortalecimento àquelas famílias que encontram-se em situação difícil.

Que Deus nos ajude nessa empreitada.

Pedimos ainda que a Sagrada Família abençoe e proteja a todas as famílias do mundo inteiro. Amém !

José Vicente Ucha Campos
jvucampos@gmail.com

quarta-feira, 8 de abril de 2015

E QUANDO O PAI TAMBÉM É MÃE...


Há homens que tomam conta dos filhos sozinhos. São pais e profissionais que prosseguem o caminho com a certeza de que não podem abandonar o barco no meio do oceano. Na proa da vida têm os filhos. 
O combustível que os move é o amor.

É noite lá fora. O pai acaba de chegar a casa com os três filhos pequenos e carregado de compras. As mochilas da escola ficam no chão do corredor enquanto os meninos aguardam à vez pelo banho. Mariano Marques, 49 anos, é pai de três crianças entre os 7 e os 12. Cuida sozinho de uma menina e de dois meninos. O cancro da mama levou-lhe há dois anos a mulher e a mãe destas crianças. A família alargada está longe e não lhe pode dar apoio de retaguarda. É ele quem leva o barco para a frente no imenso mar de dificuldades da vida. Quando lhe pergunto sobre essas mesmas dificuldades que sente diariamente, responde-me assim: «O que eu estou a passar não é nada comparado com aquilo que a minha mulher passou.» Diz que encontra nos filhos a motivação para continuar a caminhar.
Mariano é bancário e todos os dias faz contas de cabeça para somar mais tempo aos momentos de qualidade que passa com os filhos. Talvez encontre esses instantes à noite quando todos estão bem juntinhos no sofá até adormecerem. O pai leva ao colo um a um para a cama. De madrugada, se ouve algum barulho, sabe qual dos filhos se está a mexer: «O meu instinto já está tão programado que, se eles derem uma volta na cama, eu consigo ouvir e saber quem está a dar essa volta só pelo ranger da cama. Sei quem vai à casa de banho só pelas passadas. É rara a noite em que durmo sozinho, porque há sempre algum que se levanta e vem ter comigo.»
Amanhã é um novo dia e começa mais uma jornada de trabalho e de escola. Os dois filhos mais velhos andam desmotivados nos estudos, mas este pai não desiste de encontrar o rumo certo para eles, mesmo que haja um investimento suplementar em explicações. A menina, que tem 12 anos, lembra-se muitas vezes da mãe e chora por ela amiúde. Os dois meninos não tocam no assunto.
A vida lá vai andando. Uns dias melhores que outros. «Quando temos de ir ao hospital, dentistas, oftalmologistas, pediatras e psicólogos é tudo a multiplicar por três. Tento concentrar tudo isto perto de casa», conta o pai de forma pragmática, sem dramatismos.
Preocupante foi aquela noite em que Mariano teve um problema de saúde durante a madrugada e teve de chamar uma ambulância. Valeu-lhe uma vizinha que ficou com os filhos e eles nem deram por nada quando o pai regressou a casa já de manhã. O pior mesmo é quando um dos filhos está doente e todos têm de ir ao hospital, com todos os riscos que estão associados a isso. «Tudo é feito em grupo.» Não é fácil. «Quando é preciso ir ao supermercado, ir ao talho, ir à oficina, ir cortar o cabelo, vai sempre tudo atrás. Eles às vezes não querem ir e é uma luta – já estão um bocadinho saturados.»
No meio de tudo isto existe uma coisa que os une a todos: o amor. Apesar de surgirem problemas novos todos os dias, é este o combustível que os leva para a frente. Tudo o que passam, tudo o que vivem não deixa de ser para este pai «um incentivo para os criar».
«Pais que são verdadeiras mães»
«As crianças ficam marcadas de alguma maneira quando ficam privadas da mãe ou do pai ou de alguém de quem gostam», afirma Manuel Coutinho, coordenador da linha SOS Criança do Instituto de Apoio à Criança. Para minimizar esses danos, o psicólogo clínico aconselha: «Deve-se falar sempre da pessoa que partiu com respeito e admiração, mostrando fotografias à criança, explicando-lhe que nasceu num ambiente familiar, no sentido de tornar o ausente presente pelas suas qualidades.» À linha SOS Criança chegam dúvidas sobre as mais variadas situações familiares. Esta é também uma delas e que causa grandes inquietações, até porque não há escolas de pais.»
Há cada vez mais progenitores do sexo masculino a viverem sozinhos com os filhos. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística que se reportam aos últimos censos, registou-se um aumento assinalável (33,2%) de núcleos familiares monoparentais em que os filhos vivem com os pais. Em 2011, o número era 64 100. Porém, têm um peso baixo (13,3%) face ao número total de núcleos monoparentais.
O papel do pai é tão importante na vida de uma criança como o da mãe. Mas pelas mais variadas razões, nem sempre os filhos têm o pai e a mãe a tempo inteiro nas suas vidas. Habitualmente são as mães que ficam com os filhos quando existe um divórcio ou quando o pai emigra, por exemplo. Contudo, a sociedade está em constante mutação e a realidade é feita de novas situações. «Atualmente, os pais já estão mais preparados, sensibilizados, treinados e motivados para poderem ser pais a tempo inteiro. Ser pai a tempo inteiro é estar presente, é co-orientar e ser o guia indiscutível na vida dos filhos. Pai a tempo inteiro é aquele que sabe transmitir segurança e confiança aos filhos. Os pais estão aptos a desenvolver as suas competências e a fazer tudo o que é possível a uma mãe fazer. Em jeito de brincadeira, eu digo que há pais que são autênticas mães», sublinha Manuel Coutinho.
«Filhos devem ficar com progenitor de referência»
Manuel Costa e Oliveira, 65 anos, pai de um rapaz e de uma rapariga, de 20 e 16 respetivamente, é um exemplo de pai a tempo inteiro, depois do divórcio. A menina tinha quatro anos, o menino sete quando o pai ficou sozinho com eles. Há 12 anos que ele se sente «pai e mãe». Apesar de os filhos poderem ver e estar com a mãe sempre que quiserem, foi ele quem sempre esteve presente para dar o medicamento de madrugada, preparar a lancheira e levá-los à escola. «Parte-se do princípio que, no quadro de um divórcio, os filhos ficam melhor com a mãe. As crianças devem ficar com o progenitor que é uma referência para elas. Em muitos casos é a mãe, noutros é o pai», comenta Costa e Oliveira.
Engenheiro agrícola de formação, viu-se obrigado a estudar manuais de psicologia para ser um melhor pai. A vida não se aprende nos livros, mas ele sentia que deveria investir na formação parental, questionar quem sabia, encontrar as respostas adequadas. «Eu tinha o instinto paternal, mas não tinha conhecimentos científicos sobre determinadas coisas. Verifiquei que a estabilidade dos filhos também se vê pelo dormir, pelo comer e pela escola. Uma criança que não come bem, não dorme bem e é persistentemente má aluna, então terá aí algo de muito complicado que tem de ser primeiro identificado, depois corrigido. Fui sempre fazendo estas análises aos meus filhos, e eles sempre comeram bem, dormiram bem, são excelentes alunos... são pessoas normais, cordiais, solidárias», atesta.
Nem sempre foi fácil conciliar a atividade profissional com a responsabilidade parental. Quando os filhos eram mais pequenos, este pai estava na Assembleia da República. Em dias de votações, o antigo deputado pedia na escola para os meninos ficarem até mais tarde. A sua situação familiar até poderá ter denegrido a sua imagem, mas ele diz ter preferido «centrar-se nos filhos e não nas questões dos adultos».
Este homem pertence a uma geração em que o sexo masculino pouco colaborou na educação dos filhos, em que as tarefas eram compartimentadas – às mulheres o que era das mulheres, aos homens o que era dos homens. Ele ficou à frente no seu tempo. «Sempre fiz questão de ter a minha casa arrumada, depois do jantar lavo a louça... Há uma coisa de que me orgulho: sempre houve sopa na minha casa. Comprada fora, feita pela empregada ou por mim, nunca faltou sopa. Também nunca deixei faltar o gás para o nosso duche diário. Nunca os meus filhos chegaram tarde à escola. Chego a levantar-me muito mais cedo, porque quero estar pronto quando acordam. Faço questão de fazer do pequeno-almoço um espaço de qualidade e convívio. À noite nem sempre o consigo fazer porque tenho uma vida muito assoberbada.»
Quando a filha mais nova se tornou mulher, sentiu que deveria ter algumas conversas com ela. Envergonhada, ela não se sentia confortável em falar sobre certas coisas com o progenitor. Ele teve uma ideia curiosa. Escrevia-lhe cartas e deixava-as na almofada. Depois de ela as ler, perguntava-lhe se tinha dúvidas e se queria esclarecer alguma coisa. «Se as coisas se davam em minha casa à terça-feira, eu não lhe podia dizer: "Pergunta à tua mãe no sábado que vem." Sentia que tinha de atuar no momento», recorda. É por estas e por outras que a filha hoje lhe diz: «Pai, se não te tenho, fico sem o meu chão.» Um dia destes, o pai comentava com o rapaz mais velho que tem de apanhar o comboio da linha de Sintra às 6h15 da manhã: «É impressionante, filho, fazes a tua vida universitária e nunca perdeste o comboio!» Ele respondeu-lhe: «Pai, tu é que nunca perdeste o comboio!»
Por:Sílvia Júlio
Fonte: Família Cristã

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