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Não
sei se o adolescente é rebelde ou se está rebelde
Fico
em dúvida se o adolescente tem sido criado para ser rebelde ou se tudo isso é
só conversa, se a verdade é que eles são rebeldes por conta das mudanças
hormonais. Será? Antigamente, até que acontecia isso mesmo, bastava chegarem à
adolescência que a rebeldia se manifestava. Mas, hoje é comum ouvir expressões
como: “Que criança rebelde!”, "Mas essa
juventude é uma rebeldia!", “Olha para isso, um velho desse rebelde!”.
Portanto, já não sei mais se a rebeldia é uma característica comum da
adolescência.
A
realidade do mundo moderno me faz pensar sobre até que ponto é comum esta
mudança de comportamento tão irreverente estar apenas na adolescência, pois
temos ouvido e visto, pelos veículos de comunicação, que a rebeldia está
presente em todas as fases ou posições que o ser humano se coloca.
A
quebra dos limites; o desrespeito no trânsito; as brigas nos estádios; o
abandono familiar; os desvios das funções da escola e do Estado; foram
situações que promoveram um ambiente completamente rebelde. O dicionário
on-line de português traduz esse conceito como “ato de rebelar-se; não
conformidade; reação. Figura de oposição, resistência”. A Bíblia alerta sobre a
rebeldia quando diz: “Ai dos filhos rebeldes ,diz o Senhor, que executam planos
que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação para
acrescentarem pecado sobre pecado!” (Isaías 30,1). Então, precisaremos
dispensar atenção, cuidado, critérios para educar os nossos pequeninos que se
tornarão não só adolescentes, mas pais de família e profissionais. Considerando
que a nossa vontade de pais cristãos é formá-los dentro dos princípios bíblicos
e todas as coisas lhes serão acrescentadas.
O
adolescente por si só teria alguns argumentos que os deixam, de fato, mais
imponentes e donos de si, mas não necessariamente precisariam entrar na
frequência da rebeldia ou tornar-se rebelde. O ambiente é um fator, muitas
vezes, determinante para tal comportamento. Os pais tendem a dar muita
assistência, afeto positivo, carinho, escuta enquanto os filhos ainda se
encontram na primeira e segunda infância. Com o passar do tempo, vive-se uma
ilusão que esses filhos estão crescendo e se tornando autônomos. Quem não foi
ensinado para se tornar autônomo pode ser com tanta facilidade e rapidez. E aí
está a brecha para rebeldia.
Os
pais, a escola e a sociedade iniciam um processo de cobrança muito grande, a
ponto de levar o adolescente a não suportar tantas desqualificações. Ora, ele
nunca arrumou a cama nem levou sua toalha para o varal. Só porque fez 12 anos
ou entrou no curso Fundamental II precisará fazer. Ele nunca cedeu sua cadeira
para os mais velhos, muito menos os ajudou, quando pequeno, a tirar a feira de
supermercado do carro; nunca foi treinado, estimulado positivamente a realizar
tais procedimentos. Como ele, o adolescente, não ficará rebelde? Claro. É
preciso entender que a adolescência faz parte de um processo de desenvolvimento
humano; ela não cai do céu. “Agora tornou-se adolescente.” Abriu-se a porta da
sala e o “aborrecente”
entrou em casa. Esse adolescente esteve sempre em nossa casa, foi o filhinho de
que trocamos as fraldas, que levamos para passear, tomar sorvete, visitar os
parentes aos domingos e brincar de bicicleta na pracinha. O que se perdeu com o
passar do tempo? Onde nós nos perdemos? Continuamos beijando-o quando voltamos
do trabalho ou apenas lhe fazemos perguntas básicas como: “estudou?; fez o
dever?; tomou banho?; comeu o quê?” (…).
Defendo
o princípio que a fase da adolescência não precisaria ser marcada pela
rebeldia, mas respeitada por suas mudanças orgânicas e psicossociais, assim
como todo ritual de passagem que precisa ser atualizados na forma de pensar e
agir da família, escola e sociedade. As pessoas que compõem o ambiente familiar
do indivíduo precisam estar bem informadas sobre cada fase que nos constituem
como seres humanos. Vejamos: que tal nos lembrarmos da nossa adolescência? O
que nossos pais diriam?
Os
adolescentes não devem ser uma ameaça para a família
Nós
precisamos enxergar essa fase como fruto da nossa educação. Os adolescentes não
devem ser uma ameaça para a família. Eles são ricas bênçãos para quem tão bem
os educou. Os pais deverão livrá-los da rebeldia, desta aparente liberdade que
só os faz sofrer. Portanto, vamos fazer o caminho de volta? Vamos atrás de quem
é nosso. Vamos deixar as regras claras em casa, dar bons exemplos, oportunizar
bons modelos aos nossos filhos, aos nossos alunos, a fim de que eles possam
chegar à fase dos 12 aos 18 anos produzindo autoestima, seguros de si mesmos.
Filhos pequenos superprotegidos ou abandonados de orientações e de convivência
familiar se tornarão filhos (adolescentes) rebeldes, amargos e grosseiros. Esse
tipo de criação não ensina o caminho da gratidão e do respeito. Às vezes, não
damos o melhor e queremos “tirar o tapete” dos filhos quando chegam nesta fase
da vida.
Existem
várias passagens bíblicas que apresentam as consequências de pessoas que foram
rebeldes. Um grande exemplo foi o que aconteceu com o povo de Israel: Deus
havia libertado os israelitas da terra do Egito, onde esses eram escravos.
Mesmo com tantos milagres, eles se rebelaram contra o Senhor, fizeram um
bezerro de ouro para adorar, e, como castigo, peregrinaram quarenta anos pelo
deserto e somente alguns conquistaram a terra prometida.
O
comportamento de rebeldia não agrada a Deus, não nos faz pessoas felizes.
Nascemos para ser aceitos, aprovados. O bom convívio social é cura para nossa
alma, alegria para o nosso viver. Qualquer tipo de rebeldia está diretamente
ligada ao pecado, pois envolve a desobediência deliberada e infringe os padrões
de autoridade que foram estabelecidos por Deus. Não importa se é rebeldia
contra os pais, contra os líderes da Igreja, contra a lei; seja qual for, está
totalmente contra aos princípios bíblicos. Não estou aqui autorizando a
subserviência, a alienação ou a cegueira espiritual. O filho precisa ter seu
espaço, sua voz escutada e compreendida, logo, muito bem orientada e
disciplinada. Assim, os pais precisam se impor como pais de alguém a quem lhe
foi atribuída a função de educar na graça e na sabedoria. Não desistir do ‘sim’
quando deverá ser ‘sim’, e do ‘não’ quando deverá ser ‘não’. Filhos precisam
respeitar, admirar e amar os pais como autoridades. Os pais precisam ser
respeitados, admirados e amados por seus filhos como autoridades. Portanto, os
pais deverão trazer consigo o desejo e a determinação de ter filhos
adolescentes amigos, disciplinados, estudiosos e em paz com si mesmos e com os
outros.
Vamos
lá, família! Não vamos nos render aos modelos tão seculares ou efêmeros.
Esses
modelos querem nos seduzir. Não vamos desistir nem terceirizar a nossa função,
mesmo quando nos sentirmos perdidos, sem saída para enfrentar todas as fases
que nossos filhos estejam vivendo.
Por: Judinara Braz
Fonte:
Canção Nova
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