Prezados amigos e amigas,

O presente Blog, tem a finalidade de ser mais um instrumento de valorização da família.
Por isso trará sempre artigos relacionados a esse tema, abordando os diversos aspectos que envolvem a formação de uma família sadia e segundo os preceitos cristãos, além de enfocar os diversos aspectos do relacionamento familiar.
Esperamos assim, que possa servir como um meio de reflexão, ajuda e fortalecimento àquelas famílias que encontram-se em situação difícil.

Que Deus nos ajude nessa empreitada.

Pedimos ainda que a Sagrada Família abençoe e proteja a todas as famílias do mundo inteiro. Amém !

José Vicente Ucha Campos
jvucampos@gmail.com

terça-feira, 28 de outubro de 2014

IDOSOS - COMO ACOLHER - UMA REFLEXÃO EM FAMÍLIA


Envelhecer para quê e para quem? 
Que vida é esta em que ora nos sentimos fortes, ora fracos? 
Ficar aqui ou ali? 
Em casa ou num lar para idosos? 
E a crise? E o dinheiro? E a família? E os afetos? 
O idoso que cada um de nós tem dentro de si tem mais interrogações do que certezas na idade da sabedoria.

O tempo não para. Mais um dia que passa que é igual ao somatório de todos os outros dias. Do alto das décadas vividas parece que já não se vislumbra esperança. Nem ânimo para persistir pela vida que resta com um brilho no olhar. O tempo fica espesso. Vislumbram-se horas opacas que não deixam ver uma nesga de futuro. Uma pequena brecha que ilumine os que já não acreditam num sentido para tudo isto. O peso dos anos carrega um fardo que se arrasta por um caminho que aparenta ser sem saída. Os ponteiros do relógio continuam a girar, as folhas do calendário a passar e... tudo parece ficar igual. Sem mais nem menos. É tudo assim-assim. Morno. Tanto faz que seja assim, tanta faz que seja assado.
Por detrás de uns olhos cansados, de uma expressão longínqua, de uns passos demorados e dolorosos, para onde se dirigem como se houvesse todo o tempo do mundo até lá chegarem?
Tiquetaque, tiquetaque... o tempo não vai parar. E muitos há que continuam a caminhar sem destino, à deriva nos pensamentos, enredados nas saudades do que viveram e do que não viveram. O sol volta todas as manhãs, mas não lhes traz a vida que viveram. Já nada lhes aquece nem arrefece. Esperam apenas que o sol se ponha todos os dias para ver a noite chegar. E adormecerem como que anestesiados.
Todos os dias são bons para se iniciar qualquer coisa. Para ver. Ouvir. Ler. Sem ignorar que há uma vida ainda para viver. Com gente dentro. Mesmo que seja apenas por uns dias ou parcos anos. A isto se chama viver com um brilhozinho nos olhos. E isso não sabe a pouco. Sabe a tanto. «Quando se conversa, quando se dá tempo, acreditamos que todos temos uma função na vida dos outros. Isto não é uma coisa dos idosos nem das crianças – é de todas as idades», comenta Rita Valadas, administradora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) com a área da Ação Social.
A responsabilidade de todos e de cada um
Todos somos responsáveis pelas vidas uns dos outros. E é aqui que está o cerne da questão. Quando os nossos idosos mais precisam de ajuda, qual a resposta mais adequada? 
«Honra o teu pai e a tua mãe», diz o quarto mandamento, que apela à nossa capacidade de amar quem nos gerou a vida. 
O amor implica exigência e cuidado em avaliar o que é melhor para aquela situação em concreto. Sem sentimentos de culpa. Porque o melhor não são respostas únicas mas somadas. 
O que fazer quando os idosos já não têm condições para estar sozinhos: ficar com a família ou ir para um lar de idosos? 
A resposta tem várias nuances, porque a vida não é em preto e branco: 
  • No mais perfeito dos mundos, a pessoa não devia ter de sair de sua casa; 
  • No mais perfeito dos mundos, as famílias estariam juntas, haveria disponibilidade de um dos membros para olhar os mais vulneráveis da sua família – crianças e os idosos – e isso seria possível do ponto de vista financeiro. 
  • Mas, na grande maioria das famílias, por questões de organização familiar e financeira, não há um elemento cuidador. 
  • Hoje as pessoas vivem mais tempo e, sendo muitas vezes um tempo de qualidade, é também muitas vezes um tempo de doenças. 
  • Mais do que precisarem das famílias, também precisam de cuidados médicos e enfermagem – cuidados que as pessoas não podem ter em casa. 
  • Por isso, não há uma resposta universal e isto depende do desejo da pessoa, da sua situação e da família», analisa Rita Valadas, que está também ligada à Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP) desde a sua fundação.

Quando a melhor opção é o idoso ficar em casa com a família, há aspetos para os quais a sociedade tem de estar mais atenta para prover uma vida de qualidade para os mais velhos e também para os mais novos: 
«Temos de dar condições às pessoas. 
Se a solução para todos é que o idoso fique com a família, temos de providenciar os serviços que faltam. O apoio domiciliário é a grande resposta – mas não o apoio domiciliário da tradição antiga. Há muitos serviços que se podem prestar a um idoso que vão desde as coisas mais básicas como a higiene à companhia e à socialização. Isso pode ser dado no apoio domiciliário e faz a diferença.» 
A administradora da SCML salienta ainda a necessidade de se ajudar os cuidadores dos idosos a descansar: «Têm de existir programas que servem as famílias e as crianças, para que não se castigue o idoso por isso não acontecer. O descanso do cuidador pode ser quase uma versão pseudo-hoteleira em que a pessoa se sinta como que a ir de férias mas no seu programa. No fundo, são programas para todos, é a possibilidade de os mais novos irem fazer o seu programa e os mais velhos terem direito ao seu. E esta resposta é muito mais barata para o país. Se nós garantirmos o apoio domiciliário, a manutenção do idoso em casa e o direito ao descanso do cuidador, o somatório disso tudo é muito mais barato e positivo para todos.»
Reconfigurar respostas sociais
As respostas existentes têm de se «reconfigurar», preconiza Rita Valadas, e o pensamento sobre as estruturas residenciais pode ir muito mais longe: «Tem de se preparar uma resposta que preveja algumas camas para as altas hospitalares, porque os familiares não sabem como cuidar dos idosos. Para essas situações de altas hospitalares ou de pequenas doenças ou ainda de descanso, devia haver sempre algumas camas que pudessem ser consideradas para utilização pontual.»
Uma visão de futuro que ajuda a sossegar o idoso que todos temos dentro de nós, mesmo que agora tenhamos 20, 30, 40 ou 50 anos. Se nos lembrarmos que, segundo os últimos censos, o número de idosos cresceu em dez anos cerca de 19%, conseguimos transportar-nos para um médio/longo prazo que importa ter em conta.
Quando se começou a sentir os efeitos desta crise, pelo país fora ouviu-se falar de famílias que estavam a retirar os idosos dos lares particulares. 
Se alguns, ingenuamente, viam com bons olhos o regresso dos mais velhos para junto dos seus, quem estava no terreno alertava para os riscos. 
Essas situações parecem agora estar ligeiramente a diminuir: «Isso acontecia pela situação econômica das pessoas e pelo desemprego. 
Houve muitas senhoras que ao ficarem, infelizmente, desempregadas, passaram a ter condições de tratar do familiar em casa com a ajuda da sua reforma para ajudar ao orçamento familiar», contou à FAMÍLIA CRISTÃ João Ferreira de Almeida, presidente da ALI – Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos. 
«Quando o idoso regressa ao seio da família por situações de desemprego dos filhos, ninguém sabe em que condições é que essa pessoa está. Ninguém sabe se os familiares que lhe estão a dar assistência estão preparados para isso», acrescentou o responsável da ALI.
Rita Valadas recorda que «as famílias que têm idosos em lares não estão preparadas para os ter em casa. Mesmo numa situação de desemprego não é nunca aconselhável que um emprego seja substituído por um idoso indo para casa. 
Se as pessoas não são naturalmente cuidadoras, não vão ser a melhor solução. Alerto para o fato que nesta situação de crise em que as pessoas que têm como prioridade retirar o idoso do lar para o uso da sua pensão, acontecem muitas situações de isolamento. Foram aumentando as situações de risco por solidão de idosos.»
Silvia Júlio
Leia mais na edição de setembro da revista FAMÍLIA CRISTÃ.
Fonte: Família Cristã
Comentário do Blog "Família dom de Deus":
Como acolher da melhor forma possível os nossos idosos, é realmente  uma questão bastante delicada, pois envolve disponibilidade, condições financeiras, preparação e por que não dizer vocação (quando o idoso permanecer no lar de seus familiares ou em sua casa sob cuidados dos familiares). 
Mas, envolve um outro aspecto muito mais importante do que todos, que é o sentimento do idoso. 
Em primeiro lugar devemos verificar o que pensa o idoso a ser acolhido, ou seja, onde o idoso gostaria de ser acolhido na sua velhice? Idoso esse que pode ser nosso pai, mãe, um tio, uma tia, avó, avô. Enfim, em sua grande maioria é alguém que dedicou sua vida a cuidar de nós, filhos(as), sobrinhos(as), netos(as). E, são pessoas que agora precisam de nossos cuidados e principalmente do nosso amor, pois estão numa fase da vida em que as doenças aparecem com maior força, onde o sentimento de perda é grande, onde o sentimento de que não servem para mais nada pode tomar conta da sua mente e onde as dificuldades de locomoção e de realizar tarefas simples se fazem presentes. 
É nesse momento que eles mais precisam de carinho, de estímulo, de compreensão e de paciência para com eles.
Será que num Lar para idosos, nossos entes queridos, terão tudo isso?
E o laço familiar?
Por isso, mesmo com dificuldades, temos que pensar bastante e com muito amor e carinho, na hora de decidir o que fazer para acolher nossos idosos amados.

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