SEPARAÇÃO É A SOLUÇÃO...!???

Hoje, não vou perguntar o que está acontecendo para levar tantos casais à separação, nem tão pouco, porque. Mas, diante de tantos casais que se separam após terem recebido o Sacramento do Matrimônio na Igreja Católica e em sua maioria com filhos pequenos, gostaria de refletir um pouco sobre a real e sacramental responsabilidade dos cônjuges dentro do Sacramento do Matrimônio.

Como falei acima, refletindo sobre essa gama de casais se separando e em sua grande maioria casais ainda novos, me deparei vendo que realmente não é fácil se manter um casamento nos dias atuais com a enxurrada de situações que nos empurram para uma solução "mais fácil" quando se está diante de problemas conjugais que parecem insuportáveis e até, para algumas pessoas, "desnecessários" de se aguentar.

É gritante a campanha que se faz, contra o casamento e a sua estabilidade, quando as "feministas" alardeiam que a mulher não tem que aguentar nada do marido e que muito menos foi criada para serví-lo ou perder os melhores anos de sua vida trabalhando para maridos e filhos. Sem levar em conta o dom sublime que Deus as concedeu que as faz sensíveis em perceber as necessidades do marido e dos filhos, suas carências, além da grande sensibilidade que têm para colocarem sempre com o coração na frente da razão.

É massacrante e abusivo o que as televisões apresentam todos os dias dentro de nossa casa contra o matrimônio e o relacionamento normal e feliz de um homem e uma mulher, esposo e esposa. A tal ponto que nos leva a concluir que é impossível uma convivência pacífica, amorosa e feliz entre marido e mulher, apresentando em contra partida outros "modelos atraentes" de "relacionamento familiar", onde cada um cuida da sua vida, tem sua liberdade amorosa, vive conforme seus desejos e se relaciona com o cônjuge quando tiver vontade de fazer sexo. E onde ainda, a traição é uma saída muito atraente para os descontentamentos conjugais.

É ainda absurdo como se apresenta em todas as esferas da sociedade, principalmente governamental e política, o relacionamento homossexual como solução para a família, onde dois homens ou duas mulheres sempre são apresentados como a "família do futuro", onde não haverá mais problemas de relacionamento, nem traições, brigas, ou seja, tudo será um mar de "rosas". Agora estão apresentando até casamentos com vários homens e mulheres na mesma casa. Onde ficam os filhos nisso? Pois isso pode ser chamado de tudo que quiserem, menos de família.

Mas, o que nos apresenta a Igreja em contrário a todas essas "aberrações" apresentadas pela sociedade atual?

Em primeiro lugar, a Igreja Católica está muito atenta aos jovens e namorados. É importantíssimo que os jovens cumpram as etapas de suas vidas de maneira plena e bem vividas, ou seja, quando estiverem namorando, que realmente namorem com o objetivo de se conhecerem melhor, de observarem bem o outro, de conhecerem seus gostos, defeitos, qualidades, pensamentos sobre diversos aspectos importantes da vida, enfim, de principalmente verem se o outro tem pontos em comum e que os pontos divergentes não serão barreiras para uma boa convivência a dois. É lógico também que a atração física tem que existir, os carinhos, a atenção, sempre lembrando até onde podem e devem ir. Isso serve até para que, principalmente as namoradas, observarem como se comportam seus namorados quando lhes é imposto um limite relacionado ao sexo. São capazes de aguentarem em nome de um amor maior? Ou ficam relacionando o amor da namorada por eles a elas terem que ceder aos seus instintos sexuais?

A Igreja Católica luta também por uma preparação adequada dos casais pretendentes ao casamento, realizando Encontros Preparatórios Para o Matrimônio, o que não é de aceitação fácil por parte de alguns noivos, que em muitos casos não querem "perder" um dia inteiro na Igreja para assistirem palestras e trocar experiências com casais com grande tempo de vida a dois, nem tão pouco escutarem o que a doutrina da Igreja prega sobre o Sacramento do Matrimônio. 

Muitos acham isso desnecessário. O que é um grande engano, pois assim como para quase todas as profissões, é necessário treinamento e preparação, para o casamento muito mais ainda deve-se se preparar bem, pois são duas pessoas diferentes, com gostos diferentes, modos de encarar a vida diferentes, que em muitos casos vêm de realidades diferentes, com experiências familiares diferentes e às vezes desestimuladoras, e que resolvem viver juntas, e, para a vida toda. 

A partir do casamento, vão ter que partilhar experiências conjuntas que não estavam acostumados. Vão ter de enfrentar problemas para os quais nunca pensaram, e, assim por diante.

Então, essa preparação para o casamento na Igreja Católica, deveria ser por um tempo ainda maior, durante algumas semanas, de forma a se poder mostrar aos noivos situações que deverão evitar e como enfrentar alguns problemas mais comuns dentro da vida familiar. Sabedores que somos que não existe casal perfeito, nem receita pronta para o casamento dar certo. 

Outro aspecto de fundamental importância é a necessidade dos noivos e recém casados entenderem o que realmente é o Sacramento do Matrimônio, qual a sua importância, qual a missão dos cônjuges dentro desse sacramento e quais as suas responsabilidades. Lembrando sempre que o Matrimônio é indissolúvel, perante Deus e à Sua Igreja.

O Sacramento do Matrimônio, assim como o Sacramento da Ordem, é um sacramento que requer como primícia, uma vocação. É isso mesmo, só deveria se casar quem tivesse vocação para a vida matrimonial, de forma a assumir com responsabilidade, dedicação e renúncia todas as situações que se apresentem durante a vida matrimonial, sendo algumas alegres, outras tristes, algumas de realizações e felicidades, outras de frustrações.

Os noivos, antes de se casarem, deveriam saber que nem tudo em nossa vida será conforme sonhamos ou idealizamos. É necessário saber que temos que aprender a viver com frustrações e a realizar coisas que às vezes não gostamos muito e são contra a nossa vontade.

A vida de todos os seres humanos é assim. Nem sempre fazemos o que gostamos e às vezes temos que aceitar situações que não nos são muito palatáveis.

Não existe nenhum ser humano que seja plenamente feliz, nem que só faça aquilo que quer e que lhe convém. A começar pela nossa própria convivência em sociedade e comunidade, onde muitas vezes nossas vontades são substituídas pelo bem comum. Ainda mais numa família, que convive dia e noite, vinte e quatro horas por dia. Haverá situações que não vão agradar a todos e alguém tem que ceder em prol do objetivo maior que é a família.

Isso joga por terra o pensamento daqueles que acham que devemos fazer sempre o que quisermos e que nos faça felizes, pois isso não existe na prática. É pura utopia.

Além do mais, o próprio Jesus Cristo nos disse com muita firmeza: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia, e siga-me." (Mt 16,24) 

Então, se até para seguirmos o Cristo, Ele nos diz que precisamos pegar a nossa cruz e seguí-Lo, ou seja, Ele nos diz que se quisermos seguí-Lo não teremos vida fácil não, ao contrário, teremos dificuldades, tristezas, dúvidas, mas, que no final Ele nos apresenta a felicidade completa e duradoura. Mas Ele nos diz também que ainda aqui na terra estará sempre ao nosso lado para nos ajudar e nos suportar. Foi Ele próprio que disse: "Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e Eu vos darei descanso. Tomai  sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." (Mt 11,28-30)

Dessa forma, o Sacramento do Matrimônio, instituído pelo próprio Deus, não poderia ser diferente, ou seja, teremos tempestades, tristezas, dúvidas e perdas, mas, se estivermos juntos Dele, tudo suportaremos e teremos alegria e felicidade nas pequenas coisas do dia a dia, como num afago de um cônjuge no outro, numa palavra de elogio, no agradecer, numa atenção pelo outro, na lembrança do dia do casamento e do aniversário, no saírem juntos para comerem, na realização de verem os filhos crescendo e se formando, nas idas às Missas aos domingos, etc.

Devemos sempre nos esforçar para superar as dificuldades, já que elas, queiramos nós ou não, fazem parte do casamento. Devemos procurar acertar as arestas que estão nos espetando, conversando um com o outro de forma sincera e humilde. Mas, conversem sempre a três, você, seu cônjuge e Deus.

Como sacramento de vocação, os cônjuges têm também obrigações e responsabilidades, de um para com o outro, para com os filhos, para com a sociedade, para com a Igreja e principalmente para com Deus, pois afinal, foi na presença Dele que prometeram e fizeram votos de vida eterna em comum.

Quando recebemos o Sacramento do Matrimônio, assumimos o compromisso com Deus de cuidarmos da nossa esposa, do nosso esposo, dos nossos filhos, enfim, da nossa família. Isso implica em suportar as tempestades quando elas vêm, para depois viver a bonança. Implica em não desistir por qualquer coisa ou mesmo pelo cansaço da convivência, pois Ele nos renova e nos dá condições de recomeçarmos de onde paramos, a cada dia, não precisando formar outra família para isso. Implica em nos sacrificar um pelo outro também, pois esse sacrifício faz parte do Sacramento. É o algo a mais que estamos dando de nós mesmos, pela nossa família. Desistir nas tempestades, às vezes é o caminho mais fácil. Mas será que é o caminho que Deus imaginou pra nós? O que diremos a Ele quando estivermos na sua presença e formos questionados dessa forma:

- Filho, filha, o que aconteceu com vocês quando permiti que passassem por aquela dificuldade para aprimorarem os vossos corações, os vossos espíritos? Era necessário que vivessem aquele momento para polir algumas arestas suas que precisavam ser polidas. E agora?

E nós? O que diremos como resposta?

- É Senhor, a situação não estava fácil!

E Ele nos disser: Mas Eu nunca falei que seria! Vocês escolheram assumir suas vocações matrimoniais. E tiveram liberdade de escolha!

- Foi você que escolheu o seu esposo. Foi você que escolheu a sua esposa. Foram vocês que acharam que já estavam prontos para receberem o Sacramento do Matrimônio. Foram vocês que quiseram ter filhos! E o que aconteceu com eles? Vocês não se preocuparam com isso? 

- Filhos amados, para entrar no céu, junto a Mim, a Deus Pai e à corte celeste, é necessário que se tenha um coração puro, um coração de criança, pois eu vos alertei disso quando disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus." (Mt 18,3). E vocês tiveram um coração duro e insensível, fechado ao amor. Vocês  não se preocuparam com seus filhos. E agora?

É..., queridos casais, viver o Sacramento do Matrimônio requer uma entrega e doação constantes. Mas, tudo se torna muito mais fácil, mais aceitável e possível, quando se coloca Deus dentro do nosso relacionamento, dentro da nossa família. Rezem juntos. Entreguem o matrimônio de vocês nas mãos de Deus. Peçam a Sua ajuda. Peçam a intercessão de Nossa Senhora, mãe da Sagrada Família de Nazaré, e nossa Mãe, pois vale muito a pena viver o Sacramento do Matrimônio. Vale muito a pena ter uma família, ainda mais se ela for um pedacinho do céu aqui na terra!

A Família é uma instituição sagrada, pois foi instituída por Deus! Foi no seio de uma família que o Filho de Deus veio até nós. Por isso, cuide da sua família. Não desista dela. Pode não ser a que você imaginou, mas foi a que Deus te presenteou! E Ele nunca daria um presente ruim pra nenhum de seus filhos.

Fiquem com Deus! Estaremos rezando por vocês!

Por: José Vicente Ucha Campos