Prezados amigos e amigas,

O presente Blog, tem a finalidade de ser mais um instrumento de valorização da família.
Por isso trará sempre artigos relacionados a esse tema, abordando os diversos aspectos que envolvem a formação de uma família sadia e segundo os preceitos cristãos, além de enfocar os diversos aspectos do relacionamento familiar.
Esperamos assim, que possa servir como um meio de reflexão, ajuda e fortalecimento àquelas famílias que encontram-se em situação difícil.

Que Deus nos ajude nessa empreitada.

Pedimos ainda que a Sagrada Família abençoe e proteja a todas as famílias do mundo inteiro. Amém !

José Vicente Ucha Campos
jvucampos@gmail.com

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

JOVENS, NOSSA MISSÃO SUBLIME !

Nessa longa caminhada que eu e minha esposa temos junto aos jovens, aprendemos a conhecê-los melhor, a entendê-los melhor, aprendemos a conviver com eles e a amá-los. E passamos então, a sofrer com seus sofrimentos, a ficar alegres com suas alegrias, a torcer por eles nos seus projetos e a vibrar com eles com suas conquistas.
Situações que muitos deles não conseguem compartilhar com seus pais.
Se não fosse pelo simples fato de os amarmos incondicionalmente, teríamos diversos motivos para assim agirmos. E um desses motivos é que temos certeza que hoje em dia, é muito mais difícil ser jovem.
Me lembro que no meu tempo de juventude, isso há uns 40 anos atrás, o tóxico não era tão presente ou pelo menos tão fácil de ser adquirido, como o é hoje em dia. Me lembro ainda que entre a nossa “galera”, quando um dos jovens conhecido por nós descambava para o tóxico, para “puxar” um fumo (como se dizia antigamente), o grupo logo o afastava e ele era reconhecido como “xinxeiro” . E ficava discriminado pelo grupo e passava a não fazer mais parte do mesmo.
Quando um jovem fumava um simples cigarro; o fazia escondido dos pais e dos mais velhos.
Dificilmente encontrava-se um jovem que bebia descaradamente e vivia embriagado. Era raro.
Saíamos para festinhas e bailes, sem nos preocuparmos muito com a violência, que era coisa não muito frequente. Bala perdida ? Não me lembro de saber de nenhum caso na minha infância e juventude.
Hoje, ao contrário, a violência bate a nossa porta. Não existe mais lugar seguro.
Há uma necessidade maior de preocupação e cuidados com os nossos filhos.
Temos que ficar muito mais atentos, pois o tóxico hoje é coisa comum e discriminados são aqueles jovens que não fazem uso dele. A facilidade de compra é impressionante.
O índice de alcoolismo entre jovens tem crescido assustadoramente. Haja visto a quantidade de “festas de bebidas liberadas” que existem hoje em dia e a frequência que elas acontecem.
Fiquei sabendo noutro dia, que em uma dessas festas, havia um grupo de vários jovens menores de idade, que beberam abertamente e demasiadamente durante a festa, ao ponto de ao seu final, todos terem de ser carregados para chegarem em casa. E seus pais ? Será que tomaram ciência ? Por que será e como, que um grupo de jovens menores de idade foi parar numa festa dessas ? Será que seus pais sabiam que eles iriam a festa ? Se sim, por que e como deixaram que isso acontecesse ? Se não, como então eles chegaram lá e ficaram a noite toda ? Seus pais não perceberam suas ausências em casa, pelo menos na hora de dormir ?
É meus amigos, dá para perceber que a situação que esses jovens enfrentam hoje em dia, é muito complicada e perigosa. Por isso precisam muito mais da atenção de seus pais e de seus cuidados.
Os filhos têm que ter liberdade sim, mas controlada e acompanhada. Isso não lhes fará mal nenhum !
Não será por causa do cuidado dos pais que os filhos deixarão de ser “homens”, nem de ter responsabilidades.
E do modo como caminha a Sociedade em que vivemos, muitos mais motivos e deveres têm seus pais, de cuidarem de seus filhos.
Mas, como temos visto, o que está acontecendo é justamente o contrário, ou seja, eles estão sendo abandonados pelos seus pais, que dessa forma, conscientemente ou não, estão entregando seus filhos nas mãos dos traficantes, estão empurrando-os para o alcoolismo, etc.
É necessário mudar essa condição. Temos que dar um basta a tudo isso e lutarmos para que pais e filhos se entendam, com dificuldades sim, pois isso é normal, mas que busquem um relacionamento no mínimo equilibrado e ajustado.
Isso tudo é que nos faz, cada vez mais, defendermos os jovens, apoiá-los, incentivá-los, ouví-los e orientá-los.
E sempre que conversamos com um jovem com dificuldades familiares, o incentivamos a se reconciliarem com seus pais. Não importa o que tenha acontecido. Existe sempre a possibilidade de reconciliação, de boa convivência, de respeito e de redescoberta do amor, mesmo que não seja sob o mesmo teto.
Estou escrevendo esse trecho e me vem a cabeça diversos casos de filhos que chegaram até nós com problemas sérios com seus pais e que hoje se relacionam com eles. Alguns já totalmente reconciliados e outros no caminho para a reconciliação.
Dentre os vários casos, me lembro de um jovem, que quando chegou até nós, havia 4 anos que não falava com seu pai, que era separado de sua mãe. O rapaz tinha um ressentimento muito grande de como houve a separação de seus pais e da saída de seu pai de casa.
Por isso foi necessário muita conversa e ponderações, para que o jovem aceitasse conversar mais calmamente sobre seu pai, embora sofresse muito com aquele afastamento.
Após várias conversas, conseguimos que um dia esse jovem aceitasse telefonar para seu pai. E quando ele conseguiu fazer a ligação, nos contou que telefonou para o número de seu pai e que quando seu pai atendeu e ele escutou a sua voz, desligou o telefone sem falar nada. Mas nos contou isso com uma alegria muito grande, pois para ele aquele simples fato já era uma vitória. Imagina para nós, que estávamos tentando essa reconciliação, há algum tempo.
Na segunda tentativa, algum tempo depois, o jovem conseguiu trocar algumas palavras com seu pai. Assim foi, até o dia que marcaram um encontro e ele depois de 4 anos, conversou pessoalmente com seu pai.
Quando nos contou, choramos juntos, de alegria.
Tiveram diversos encontros depois desse primeiro, estreitando cada vez mais esse relacionamento, tão importante para aquele jovem.
Até que um dia, estávamos em casa e o telefone tocou. Ao atendermos, percebemos com certa dificuldade, que era o jovem do outro lado da linha, que não sabia se chorava ou ria, e queria nos contar que tinha conseguido dar um beijo no rosto de seu pai e dizer-lhe que o amava.
Imaginem o que aconteceu comigo e com minha esposa, do outro lado da linha. Chorávamos e sorríamos, do mesmo modo que o jovem estava fazendo.
Hoje esse jovem tem um relacionamento mais estreito com seu pai e isso fez muito bem para ele, que se sente melhor psicologicamente e tem um certo ar de felicidade estampado no rosto. O que não existia quando o conhecemos.
A nossa casa vive sempre cheia de jovens, e isso nos deixa muito contentes, pois sentimos que eles se sentem bem em estarem conosco, em nos ouvirem e em falarem para que os ouçamos. Pois muitas vezes eles precisam tão somente disso. Serem ouvidos por alguém em quem eles confiem.
Por diversas vezes nos questionamos, eu e minha esposa, se estamos agindo bem, em acolher esses jovens, tendo em vista que sentimos que as vezes eles nos consideram como seus pais “postiços”.
Não é nossa intenção substituir a ausência de seus pais, pelo contrário. Mas também achamos que não podemos desampará-los. Pois a aceitação que eles têm por nós, é fruto, temos certeza, de uma análise que eles fizeram e fazem das nossas vidas: minha, da minha esposa e de meus filhos; para terem a certeza de que nós somos confiáveis. Pois o jovem não cai de cabeça em acreditar em pessoas mais velhas, se não se identificarem com elas e principalmente se não confiarem nelas.
O que nós, mais velhos falamos para eles, tem que ser a realidade do que vivemos.
O jovem não aceita escutar aquele velho jargão: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Isso já era.
Eles querem é exemplo. E bons exemplos.
Quando falo isso, também me lembro de um jovem, que um dia nos chamou para conversar em particular, quando estávamos numa reunião com vários jovens. Achamos que deveria ser mais um jovem que queria partilhar conosco algum problema.
Mas esse, nos deixou orgulhosos e nos fez sentir quão tamanha era a nossa responsabilidade em estarmos no meio deles.
Ele nos disse o seguinte, em suas palavras:
- Tio, tia, eu queria falar para vocês, que eu venho acompanhando vocês há bastante tempo. Desde o tempo que vocês deram uma palestra sobre família para um grupo de jovens em uma comunidade e eu estava presente.
E continuou.
- Quando eu escutei vocês falando para nós, naquele dia, que existiam famílias que viviam bem e eram felizes, eu fiquei muito incomodado e achei que aquilo era da boca para fora. E resolvi daquele dia em diante acompanhar vocês e verificar como eram suas vidas em família.
Aquelas palavras daquele jovem, nos deixaram perplexos. Pois sentimos naquele momento, como a nossa vida era analisada por aqueles jovens, que queriam ver se o que falávamos para eles, realmente vivíamos. Mas, o jovem continuou.
- Pois bem tios, eu os acompanhei. Sei que vocês não sabiam disso, mas, em todos os lugares que eu os via e os escutava, eu os analisava. Via também como eram seus comportamentos com seus filhos, com outros jovens e entre vocês dois mesmos. Fui a dois retiros de jovens com vocês e enfim, consegui chegar a uma conclusão.
Embora tivéssemos a certeza de que pelo que lembrávamos não tínhamos feito, nem falado nada de errado para aqueles jovens, ficamos meios receosos com a sua conclusão. Mas ele nos tranquilizou ao falar:
- Tio, tia, eu não acreditava mais no casamento, nem na família até conhecer vocês. Pois a minha família tem diversos problemas como vocês sabem. E eu já estava decidido que nunca me casaria, pois tinha medo de passar por tudo aquilo que eu via no meu lar. Mas, hoje eu queria lhes dizer que eu já acredito no casamento e na família e tenho certeza que existem realmente famílias que conseguem ser felizes e viver bem.
- Por isso tios, eu já algum tempo, conheci uma menina, da qual eu gosto muito e já estamos fazendo planos de um dia nos casarmos. O que vocês acham disso ?
A nossa resposta foi dá-lhe um abraço bem apertado e mais uma vez chorando de alegria, dá-lhe os parabéns e incentivá-lo na caminhada.
Como vocês podem ver, caríssimos amigos, o trabalho com os jovens nos causam em diversos momentos o risco de desidratação. Seja por motivo de alegria ou de tristeza, o certo é que viver no meio dessa galera, nos faz chorar o tempo todo.
Mas o mais importante é que temos a certeza de que é possível para quem se dispuser a ajudar, fazer com que esses jovens passem por fases importantes de suas vidas, sentindo que não são abandonados por todos, mas que existem pessoas (e onde nós trabalhamos com eles, existem diversos outros casais, a maioria com filhos), que os acolhem, os apoiam, os escutam e os amam muito.
Ah! Só para registrar, aquele jovem hoje em dia é casado e já tem uma filhinha de um ano, a qual ama muito e nós fomos padrinhos de seu casamento, com muita honra e orgulho.
Vocês não vão acreditar, mas enquanto estava escrevendo exatamente esse trecho desse livro, tive que interromper o que estava escrevendo. Sabem por que ? Vou lhes relatar.
O telefone tocou, a minha esposa atendeu. Era uma jovem em prantos, que nos ligou pedindo ajuda, pois estava sozinha em casa, e estava passando mal e não conseguia ir até a farmácia para comprar o remédio que tinha que tomar, receitado pela médica que acabara de lhe atender por telefone.
Parei então de escrever, exatamente a dois parágrafos atrás, saí rapidamente pela rua procurando a primeira famárcia que eu encontrasse aberta, pois já era tarde da noite.
Enquanto eu fui comprar o remédio, minha esposa ficou em casa se arrumando para sair.
Comprei, então, o remédio, voltei correndo para casa, peguei o carro e eu e minha esposa fomos juntos para a casa da jovem. Chegando lá, deixei minha esposa com ela e voltei para casa.
Minha esposa ficou com ela, até que sua irmã que estava estudando à noite chegasse em casa.
As duas irmãs moram sozinhas num apartamento, pois seus pais são separados e cada um tem a sua vida própria, a qual não encluem suas filhas.
A jovem que estava passando mal, chorava de dor e de tristeza, pois falou para minha esposa que estava se sentindo muito mal física e emocionalmente, pois seus pais não queriam saber dela, pois ao tentar ligar para eles, recebeu de um (seu pai) uma observação de que o que ela estava fazendo era dengo e da outra (sua mãe), que não podia atendê-la naquele momento pois estava com um carrinho cheio de compras num supermercado. Aconselhou então, a filha a procurar um médico. O que ela já tinha feito, por telefone.
É por essas e outras, meus amigos, que eu e minha esposa chegamos a conclusão de que não podemos abandonar esses jovens.
Pode ser que alguns de vocês, adultos, achem que estamos nos enaltecendo ao ralatarmos esses casos em que atendemos aos jovens. Mas tenham a certeza de que não se trata disso. Achamos que era preciso alguém alertar aos pais, sobre como seus filhos sofrem quando eles os abandonam e como isso traz frustrações e desesperança para eles. Não estávamos mais conseguindo ficar parados e nem dormir direito, sem tentar de alguma forma fazer esse alerta. Tudo isso que temos visto e vivido, tem nos deixado muito tristes e incomodados. Era preciso fazer algo. E achamos que esse livro poderia ser um bom instrumento de alerta.
Citamos casos que nos envolvem porque são verdadeiros e servem para mostrar àqueles que quiserem, que podem ajudar a esses jovens.
Sempre temos também em nossas mentes, a letra de uma música do Padre Zézinho, chamada “Famílias do Brasil”, a qual na sua última estrofe, diz:
“Que aqueles que se sentem bem casados, deu certo seu amor, o amor valeu; não vivam como dois alienados: partilhem a paz que Deus lhes deu !”
Mas o que gostaríamos mesmo, é que os pais que estivessem lendo esse livro, que é mais um relato de angústia e tristeza do que propriamente um livro, e que têm algum tipo de problema de relacionamento com seus filhos, desses que aqui relatamos ou outros quaisquer, pudessem se sensibilizar e assumir o compromisso consigo mesmo e com Deus e com a ajuda D´Ele, partirem para uma nova vida. Para uma vida dedicada mais a seus filhos e filhas, que por algum motivo, e não nos cabe aqui julgar, foram esquecidos ou estão sendo tratados com frieza, sem carinho, sem atenção e sem amor.
Se pelo menos o alerta aqui levantado, servir para reatar o relacionamento entre alguns pais e filhos, nosso objetivo já estará atendido.
E tenham a certeza, de que estaremos rezando e pedindo muito a Deus por todos vocês.
E quem sabe, um dia, encontraremos alguns de vocês, pais ou mesmo filhos, ou os dois, quem sabe, e receberemos a grande notícia de que conseguiram reatar seu relacionamento de amor e carinho.
Quem sabe até, tenhamos contato com jovens por meio deste Blog, através de seus comentários, sugestões, opiniões sobre os temas aqui tratados ou mesmo com relatos de testemunhos. Podem ainda nos contactar pelo e-mail (jvucampos@gmail.com). Para aqueles que quiserem nos contactar, fiquem à vontade; será um prazer podermos conversar e com certeza, será uma grande Benção de Deus !
Por tudo isso que relatamos nesse Livro/Blog, entendemos nós, que a missão que Deus nos confiou, é lutar pelas FAMÍLIAS.
E dentro da família, os JOVENS, são a nossa MISSÃO SUBLIME !
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Do Livro "Filhos, Presentes Especiais de Deus"
Por José Vicente Ucha Campos

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